Informação e Sociedade: Educação à Distância

1. Resumo histórico

A educação à distância tem uma longa história de experimentações, sucessos e fracassos. A sua origem recente está nas experiências de educação por correspondência iniciadas no final do século XVIII e com largo desenvolvimento a partir de meados do século XIX.

Na Europa, considera-se que o ensino à distância surgiu em Inglaterra nos finais do século XIX, com o início do primeiro curso por correspondência desenvolvido pelo Correspondence Colleges, tendo sido Sir Isaac Pitman o principal responsável por esta nova forma de transmissão de conhecimentos.

Este primeiro curso por correspondência tal como os que se lhe seguiram, foi criado com o intuito de poder dar formação a um grupo de pessoas que, por motivos geográficos, de comodidade, económicos ou sociais, não se podiam deslocar aos tradicionais locais de ensino. Além disso, talvez pudessem ser suprimidas ou pelo menos atenuadas, as carências inerentes ao sistema de ensino tradicional.

Do início do século XX, até à Segunda Guerra Mundial, várias experiências foram adoptadas desenvolvendo­se melhor as metodologias aplicadas ao ensino por correspondência que, depois, foram fortemente influenciadas pela introdução de novos meios de comunicação de massa, principalmente o rádio, dando origem a projectos muito importantes, principalmente no meio rural.

A necessidade de capacitação rápida de recrutas norte­americanos durante a II Guerra Mundial faz aparecerem novos métodos (entre eles destacam-se as experiências de F.Keller para o ensino da recepção do Código Morse) que logo serão utilizados, em tempos de paz, para a integração social dos atingidos pela guerra e para o desenvolvimento de capacidades laborais novas nas populações que migram em grande quantidade do campo para as cidades da Europa em reconstrução.

Mas o verdadeiro salto dá­se a partir de meados dos anos 60 com a institucionalização de várias acções nos campos da educação secundária e superior, começando pela Europa (França e Inglaterra) e expandindo-se aos demais continentes. Walter Perry e Greville Rumble, em 1987, citam as experiências que mais se destacaram.

A nível do ensino secundário, podemos destacar:

- Hermods­NKI Skolen, na Suécia
            - Radio ECCA, nas llhas Canárias
            - Air Correspondence High School, na Coreia do Sul
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Schools of the Air, na Austrália
  
         -         Telesecundária, no México
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e National Extension College, no Reino Unido

A nível universitário:

      -         Open University, no Reino Unido
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FernUniversitat, na Alemanha
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Indira Gandhi National Open University, na India
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Universidade Estatal a Distância, na Costa Rica
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Universidade Nacional Aberta, da Venezuela
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Universidade Nacional de Educação a Distância, da Espanha
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Sistema de Educação a Distância, da Colômbia
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Universidade de Athabasca, no Canadá
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Universidade para Todos os Homens e as 28 universidades locais por televisão na China Popular, entre muitas outras.

Actualmente, mais de 80 países, nos cinco continentes, adoptam a educação à distância em todos os níveis de ensino, em sistemas formais e não­formais de ensino, servindo milhões de estudantes.

A educação à distância tem sido largamente usada para formação e aperfeiçoamento de professores em serviço, em paises como o México, Tanzânia, Nigéria, Angola e Moçambique.

Programas não­formais de ensino têm sido utilizados, em larga escala, para adultos nas áreas da saúde, agricultura e previdência social, tanto pela iniciativa privada como pela governamental.

O número de instituições e empresas que desenvolvem programas de formação de recursos humanos através da modalidade da educação à distância tem aumentado consideravelmente. Existem, hoje, estudos (na Alemanha, por exemplo) que relacionam o elevado índice de produtividade do trabalho com os investimentos em formação e reciclagem.

A educação à distância começou com o principal objectivo de facilitar o acesso à educação às classes mais desfavorecidas, pretendendo-se com isso, aumentar o nível cultural das populações. Outro objectivo foi o de proporcionar uma formação profissional a pessoas que se encontravam limitadas, por viverem longe dos locais onde existiam esses centros de formação presencial, e por isso impedidos de continuar os seus estudos.

Em Portugal, por exemplo, existem, há longos anos, organizações, das quais se pode destacar o CIT, que promovem o ensino à distância, essencialmente em áreas técnicas / tecnológicas, como a Electrónica ou a Informática. O CIT teve um êxito extraordinário, existindo pelo país muitos técnicos de electrónica, por exemplo, formados neste Centro.

Para além de outras formas de ensino à distância, é evidente que a Internet veio revolucionar todas as áreas do saber e do conhecimento, principalmente na forma de acesso. Ainda hoje, em Portugal, um estudante que vive numa zona interior tem dificuldades no acesso a qualquer tipo de biblioteca. Com o manancial de informação existente na Internet esse problema é, provavelmente, superado ou, no pelo menos, atenuado. Com a criação de cursos on-line, quer sejam de Centros de Formação, Escolas Secundárias, Politécnicos ou Universidades o grande problema da interioridade formativa / informativa / intelectual fica, embora não solucionado, diluido.

A Internet, sendo uma arquitectura aberta e bem aceite pela comunidade mundial, graças à sua expansão, conseguiu eliminar as barreiras tão características do ensino tradicional/presencial que impossibilitavam a formação escolar a muitas pessoas, tratando-se assim, de um meio alternativo com grandes possibilidades no desenvolvimento de aplicações para a educação.

 

1.1. Do texto impresso à era digital

Desde o início da Educação à Distância foram utilizadas estratégias que nos  podem levar à divisão da sua evolução em quatro fases distintas, ou gerações:

-         A geração textual (até à década de 60), baseada, essencialmente, na auto-aprendizagem através de textos impressos

-         A geração analógica (década de 60 a 80), baseada na auto-aprendizagem utilizando como suporte textos impressos complementados com recursos tecnológicos de multimédia tais como gravações de vídeo e áudio

-         Comunicação com base em sistemas multimédia integrados

-         A geração digital em curso que se baseia na auto-aprendizagem com suporte, quase exclusivo, a recursos tecnológicos altamente diferenciados – utilização da informática e telemática -, que podem ser balizados pelos seguintes factores:

-         Eficiência e baixo custo dos modernos sistemas de telecomunicações

-         Elevada interactividade e baixo custo dos modernos computadores pessoais

-         Amplitude e custo acessível das redes computacionais locais e remotas, tais como as intranets e a própria Internet

Durante o desenrolar deste século, o ensino à distância passou por diferentes fases que tiveram origem na simples utilização da correspondência. O ensino programado introduziu importantes modificações na forma de apresentação das matérias resultando numa maior eficácia do processo de aprendizagem. Mais tarde, com o desenvolvimento dos meios audiovisuais, superou-se em grande parte a necessidade de observação de determinados elementos, difíceis de explicar por texto ou figuras. Estes materiais educativos inicialmente de características unimédia, onde apenas se elegia uma forma de comunicação, têm evoluido para uma integração de diversos formas comunicativas num só meio, o formato multimédia, caracterizado por possuir maiores potencialidades comunicativas, e proporcionando uma maior facilidade de apreensão da informação a transmitir.

Actualmente existem instituições especialmente vocacionadas ou que desenvolvem actividades de ensino/formação à distância em praticamente todos os países do mundo.